Se os jovens da pequena Araçuaí são capazes de fazer artesanato, por que não produtos tecnológicos? O pensamento inquietou Tião Rocha, à frente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD).
A ONG instalou na cidade mineira, em pleno Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do Brasil, a Fabriqueta de Software. Desde o ano passado a equipe de 16 jovens, com idades entre 17 e 23 anos, aprende linguagens da informática. Já desenvolve bancos de dados, sites e jogos eletrônicos. Está inserida no Arassussa, um projeto maior que busca o desenvolvimento sustentável do município – e livrar, enfim, a população da velha sina de imigrante em busca e trabalho, principalmente no corte de cana.
Além de mostrar que é possível fornecer serviço qualificado para fora sem deixar a região, os meninos e meninas da Fabriqueta atendem a demandas locais. Fizeram, por exemplo, um sistema de monitoramento dos ingressos para o cinema da cidade e sites para projetos de lá. Também criam formatos eletrônicos para os jogos educacionais do CPCD.
A ideia é formar profissionais “com uma visão mais ampla de seu papel na comunidade”, diz o coordenador Washington Rodrigues. Eliandro Nascimento, 17 anos, um dos “agentes comunitários de software”, explica: “Temos que fazer a conexão com o mundo tecnológico e trazer esse conhecimento para a nossa realidade, além de fazer também o sentido inverso: levar a nossa realidade para o mundo tecnológico.”
Fonte: Almanaque Brasil